sexta-feira, 1 de abril de 2011

O DEUS QUE FALA E A RESPOSTA DO HOMEM AO DEUS QUE FALA NA ENCÍCLICA VERBUM DOMINI

por Frei Severino Fernandes de Sousa, ofm

O DEUS QUE FALA
E A RESPOSTA DO HOMEM AO DEUS QUE FALA NA ENCÍCLICA VERBUM DOMINI

ORAÇÃO:
Deus Salvador, nós vos pedimos por estes fiéis que iniciam o seu retiro anual: mandai sobre todos nós o Espírito Santo, o Senhor Jesus venha nos visitar, e seja o único a falar à mente de todos, abra os corações à fé e conduza para Vós as nossas almas, Deus das Misericórdias.

1) O Deus invisível na riqueza do seu amor fala aos homens como a amigos e convive com eles, para os convidar e admitir à comunhão com ele.
(Dei Verbum, 2; Verbum Domini, 6.)
2) O projeto de uma nova humanidade – Chiara Lubich –

O projeto de uma nova humanidade

Há ainda uma verdade, uma verdade evangélica para a qual desde o início do Movimento o Espírito despertou a nossa atenção especial e que somos chamados a atuar com o máximo empenho. É a verdade pela qual, onde estivermos unidos em nome de Cristo, Ele estará presente (cf. Mt 18,20).
Ele é uma realidade que não passou pelo mundo unicamente 20 séculos atrás, mas que, como Ressuscitado, torna-se presente entre nós todas as vezes que nos amamos como ele quer, ou seja, compartilhando entre nós esperanças, aspirações, necessidades, penas, lutas, conquistas, conforme a sua impressionante promessa: "Estarei convosco todos os dias até o fim do mundo" ( Mt 28,20).
Nós, que somos chamados a edificar a cidade terrena, devemos de certo modo continuar a obra do Criador.
Ora, para quem se dirigiu o Pai quando fez a criação? O Evangelho diz: "No princípio era o Verbo… Tudo começou a existir por meio d’Ele…" ( Jo 1,1-3). Tudo começou a existir por meio d’Ele, do Verbo.
Portanto, o Verbo teve uma função na criação.
Nele estava o projeto do homem e da criação.
No Verbo o Pai admirou o homem quando criou.
Nós, que desejamos colaborar para a renovação do mundo, para quem devemos olhar a fim de edificar a cidade terrena em harmonia com a criação e como prosseguimento da obra do Criador?
Olharemos para o Verbo encarnado.
Isto será mais fácil se Ele estiver presente entre nós.
Ninguém melhor do que Ele poderá sugerir-nos o que devemos fazer; ou estimular-nos naquilo que já iniciamos; corrigir-nos ou dar-nos coragem para recomeçarmos tudo de novo.
A presença de Jesus entre nós é importante também por um outro motivo.
Sabemos que o homem traz consigo, como uma ferida incurável, a nostalgia do sobrenatural; o divino atormenta-o, o infinito persegue-o e o eterno o atrai.
Sabemos também que, mesmo conseguindo renovar toda a humanidade, construindo realmente um mundo novo, ele (o homem) não teria alcançado ainda aquilo que mais deseja.
E por quê? Porque ele foi criado para uma vida que não morre.
Daí a necessidade de evidenciar também neste caso uma verdade: o homem, ao construir a cidade terrestre, pode desde agora edificar algo que não passa, porque pode contribuir com seu esforço, com o seu trabalho para os "novos céus" e a "nova terra" (2Pd 3,13) que o esperam.
De fato, ao redimir o cosmo, Cristo redimiu também a atividade humana, ou melhor, redimiu também as obras do homem.
O universo não será anulado, mas transfigurado.
Não haverá ruptura entre esta e a outra vida, mas continuidade.
Também os bons frutos da nossa natureza e da nossa operosidade (aquilo que construímos dia após dia) não só não desaparecerão, mas os encontraremos de novo purificados, iluminados e transfigurados (cf. Gaudium et Spes 39). É uma verdade exaltante; é uma visão consoladora e sublime da vocação do homem chamado a transformar a terra com o seu próprio trabalho.
Mas há uma condição para que tudo isso se realize.
As obras do homem permanecerão se tiverem sido edificadas no mundo conforme o Mandamento Novo (cf. GS 38; Jo. 13, 34; 1 Jo. 2, 7; 2 Jo. 1, 5)
Ora, quem poderá garantir-nos que o nosso esforço é feito desta maneira? Quem poderá dizer-nos que estamos construindo realmente “sobre a rocha do amor”, assegurando-nos assim que o que fazemos não morrerá?
Será Jesus em nosso meio.
Jesus entre nós — que sublima a pequena e a grande sociedade, que faz com que ela seja ao mesmo tempo célula da cidade terrestre e célula da cidade celeste — será a nossa garantia.
Com efeito, Ele está plenamente presente ali onde vive o amor.
Ele é, ao mesmo tempo, dom de Deus e efeito daquela caridade recíproca que devemos estabelecer como base de toda a nossa atividade.
Jesus entre nós! (Mt. 18, 20). Portanto, nele está o projeto de uma humanidade nova! Nele a garantia de que nossas obras permanecerão.
Como não considerar fascinante o caminho que empreendemos e o que se abre diante de nós? E como não é possível pensar e sonhar com uma nova humanidade, quando está conosco Aquele cujo Espírito pôde dizer: “Eis que faço novas todas as coisas” ( Ap 21,5).?


Chiara Lubich

3) O Verbo estava junto de Deus, o Verbo era Deus; mas este Verbo se fez carne, (Jo. 1, 14), na pessoa de Jesus Cristo, que nasceu da Virgem Maria por obra do Espírito Santo. (Lc. 1, 35.38; Lc. 2, 6-19; Gl. 4, 4).
4) Jesus realmente é o Verbo de Deus que se fez da mesma natureza como nós, por isto a expressão PALAVRA DE DEUS indica a pessoa de Jesus Cristo, o Filho eterno do Pai feito homem.
5) A Palavra de Deus, atestada e divinamente inspirada, impressa na Sagrada Escritura, AT e NT, por isto se compreende porque a Igreja Católica, apesar de não ser a Religião do Livro, é a Religião da Palavra de Deus, não de uma palavra escrita e muda, mas do Verbo encarnado e vivo; que conclama a todos nós para a vivência da Palavra de Deus que é a vivência do próprio Jesus.
6) Deus comunicou a sua Palavra na história da salvação, fez ouvir a sua voz, pela força do Espírito Santo, através dos Profetas, ao longo de toda a história da humanidade, que é uma história da salvação, e tem sua plenitude no mistério da encarnação, pregação, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
7) Deus ainda comunica a sua Palavra na história da salvação, através dos Apóstolos, que são obedientes ao mandato de Jesus, (Mc. 16, 15), e assim a Palavra de Deus é transmitida na Tradição viva da Igreja,
8) Deus ainda comunica a sua Palavra na história da salvação, através dos colaboradores dos Apóstolos, que são:
a) Os Bispos – colaboradores do Papa.
b) Os Padres – colaboradores dos Bispos.
c) Entre outros estão: os Evangelizadores, Catequistas, Ministros e Ministras do Curso de Crisma; de Batismo; Os Coordenadores e membros de Movimentos Eclesiais, tais como: ECC; Focolare, Grupos de Jovens, Shalon, Novas Comunidades Eclesiais da Igreja Católica, Agentes da Escola da Fé, etc. todos são colaboradores do Padre.
d) Deus ainda comunica a sua Palavra na história da salvação, através de todos nós.
9) Com efeito, todo ser humano que atinge a consciência e a responsabilidade experimenta um chamamento interior para realizar o bem.
10) A Palavra de Deus leva-nos a viver segundo a escrita do coração
(Rm. 2, 15) que luta conta o mal, (Rm. 7, 23).
11) O Cristianismo não é uma decisão ética ou uma grande idéia, mas sim, o encontro com a Pessoa de Jesus Cristo, que dá à vida um novo horizonte, o rumo decisivo: a compreensão de que o Verbo se fez carne e habitou (a) entre nós. (Jo. 1, 14 a)
12) O nosso Bispo Diocesano Dom João Carlos Petrini, compreendeu maravilhosamente esta verdade, que colocou como seu lema episcopal: “habita entre nós”, mais radical que as traduções das Sagradas Escrituras, “habitou entre nós”. Sim, realmente, a Palavra de Deus, que é Jesus, habita entre nós, (Mt. 18, 20), quando nós nos propomos nos retirar do mundo para com Ele em nosso meio compreender melhor a sua Palavra.
13) Deus resumiu a sua Palavra (Rm. 9, 28) a ponto de caber dentro de uma manjedoura na forma de um menino. (Lc. 2, 12). Jesus se fez criança para que a Palavra de Deus pudesse ser compreendida por nós.
14) Em sua singularidade Jesus realiza, a todo momento, a Vontade do Pai; ouve a sua voz e lhe obedece com todo o seu ser; conhece o Pai e observa a sua Palavra, (Jo. 8, 55); comunica-nos as coisas do Pai (Jo. 8, 50) Doa-nos a Palavra que o Pai lhe deu, (Jo. 17, 8; Lc. 5, 1).

O MISTÉRIO PASCAL DE JESUS CRISTO E DOS CRISTÃOS.

1) Permitam-me, ao refletir o mistério Pascal de Jesus Cristo, citar uma frase de Chiara Lubich: “só quem passa pelo gelo da dor, chega ao incêndio do amor”.
2) Realmente a cruz para nós é o poder de Deus. (1 Cor. 1, 18).
3) Jesus deixando-se ser crucificado na cruz, demonstra um grande amor por nós, (Jo. 15, 13), e neste mistério Jesus é a Palavra da Nova e Eterna Aliança. (Mt. 26, 28; Mc. 14, 24; Lc. 22, 20). Jesus como o verdadeiro cordeiro imolado, realiza a definitiva libertação da escravidão.
4) Jesus Cristo, Palavra de Deus encarnada, crucificada e ressuscitada é o Senhor de todas as coisas que nos faz rememorar que Ele é a Luz do mundo, (Jo. 8, 12) um farol que ilumina os meus passos (Sl. 119, 115) e o meu caminho.
5) O coração da cristologia da Palavra sublinha a unidade do desígnio divino no Verbo encarnado, é por isto que o NT nos apresenta o Mistério Pascal de acordo com as Sagradas Escrituras, (1 Cor. 15, 3). De fato, o Servo de Javé (Is. 42, 1), é Jesus que é Filho de Deus, (Mt. 3, 16 – 17; Jo. 1, 32 – 34), que restaura os sobreviventes de Israel e é luz das nações para que a salvação de Deus chegue a todos. (Is. 49, 6; Lc. 2, 32).
6) Assim como São Paulo foi escolhido para ser luz entre os gentios (At. 13, 47), também os Apóstolos têm a obrigação de ajudar os fiéis a bem distinguir a Palavra de Deus das revelações privadas, que têm o papel de ajudar as pessoas a viver mais plenamente a Palavra de Deus, numa determinada época histórica, para isto, a revelação privada necessita da aprovação eclesiástica que deve indicar essencialmente que a respectiva mensagem não contenha nada que contradiga a fé e os bons costumes; que pode se revestir de um certo caráter profético. (1 Ts. 5, 19 – 21).
7) Sem a ação eficaz do Espírito da Verdade (Jo. 14, 16), não se pode compreender as palavras do Senhor. Como recorda Santo Irineu: “Aqueles que não participam do Espírito não recebem do seio da sua mãe, (a Igreja), o alimento da vida; nada recebem da fonte mais pura que brota do corpo de Cristo”. Tal a Palavra de Deus vem até nós no corpo de Cristo, no corpo Eucarístico e no corpo das Escrituras por meio do Espírito Santo....

A PALAVRA DE DEUS NA PATROLOGIA.

1) São João Crisóstomo afirma que a Escritura Sagrada “tem necessidade da revelação do Espírito, a fim de que, descobrindo o verdadeiro sentido das coisas que nela se encerram, disso mesmo tiremos abundante proveito”.
(Cfr. Verbum Domini, pág. 36)
2) Por isto se recomenda que antes de qualquer leitura pessoal, a pessoa faça uma oração pedindo ao Espírito Santo sabedoria para compreender a passagem bíblica que se vai ler, como por exemplo:
3) ORAÇÃO. Mandai o vosso Espírito Santo Paráclito às nossas almas e fazei-nos compreender as Escrituras por Ele inspiradas; e concedei-me interpretá-las de maneira digna, para que os fiéis aqui reunidos delas tirem proveito.
4) Santo Ambrósio afirma: “o coro do Filho é a Escritura que nos foi transmitida”.
(Cfr. Verbum Domini, 18)
5) Deus tendo falado de muitas vezes e de muitas maneiras aos nossos pais, ultimamente falou-nos através de seu Filho Jesus. (Hb. 1, 1 – 3).
6) Santo Agostinho afirma: “Lembrai-vos de que o discurso de Deus que se desenvolve nas Escrituras é m só, um só é o Verbo que Se faz ouvir na boca de todos os escritores sagrados”, inspirados por Deus, e o Verbo é Jesus.
(Cfr. Verbum Domini, pág. 41).
7) Um conceito chave para receber a Bíblia como Palavra de Deus, é sem dúvida, o da inspiração. Assim como o Verbo de Deus (Jo. 1, 1), se fez carne (Jo. 1, 14 a) por obra do Espírito Santo (Lc. 1, 35) no seio da Virgem Maria, (Lc. 1, 26 – 35), assim também a Bíblia nasce do seio da Igreja por obra do mesmo Espírito Santo. A Bíblia é a Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo. Deste modo se reconhece toda a importância do autor humano que escreveu os textos inspirados e, ao mesmo tempo, do próprio Deus como verdadeiro autor.
(Cfr. Verbum Domini, 19).
8) Realmente Deus fez todas as coisas, pela sua palavra foram feitos os céus e pelo sopor da sua boca os seus exércitos, (Sl. 33 (32), 6).
9) E´ Deus que faz resplandecer o conhecimento da glória de Deus, que se reflete na face de Jesus Cristo. (2 Cor. 4, 6; Mt. 16, 17; Lc. 9, 29)





O SILÊNCIO DE DEUS.

1) Diz o Papa Bento XVI (Cfr. Verbum Domini, pág. 45.)
“Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do silêncio.”
2) Permitam-me apresentar uma reflexão sobre o SILÊNCIO DE DEUS, proferida por Chiara Lubich.

O silêncio de Deus

É um assunto difícil, o mais difícil de enfrentar diante de pessoas pertencentes a um povo que, mais do que qualquer outro, experimentou neste século de sofrimento a dor indescritível da Shoah, isto é, tentativa, por parte do regime nazista, de exterminar o povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial, também conhecido como Holocausto, a terrível tragédia que levou um de seus grandes pensadores a cunhar a metáfora do "Eclipse de Deus", pois Auschwitz, campo de extermínio na Polônia, protótipo dos campos de concentração nazistas, colocou em discussão a própria fé.
(…) Não foram os duros tempos de guerra que nos levaram a refletir sobre a dor.
Pelo contrário, devemos afirmar que a fé no amor de Deus era tão luminosa e gratificante, que fazia desaparecer para nós os horrores da guerra, embora vivêssemos no meio de todos, compartilhando as tragédias de quem estava ao nosso lado.
Um dia a nossa atenção foi atraída por aquele grito em aramaico de Jesus na cruz: “Eli, Eli, lemá sabactáni?”, “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”, que é o início do Salmo 22. Alguém nos dissera que tinha sido a expressão da maior dor de Jesus, pois, abandonado por todos, sentiu-se abandonado também pelo Pai.
Este fato nos fez refletir.
Como o Pai permitiu que Jesus experimentasse uma dor tão grande? Ele não amava infinitamente seu Filho? Então entendemos: ele permitiu isso porque havia um desígnio de amor particular sobre Jesus.
Ele devia sofrer por todos os homens e depois ressuscitar.
E os homens que acreditassem nele ressurgiriam com ele.
Jesus, elevado ao céu, gozaria por toda a eternidade também por aquilo que fizera na terra.
Assim, para nós, a dolorosa história humana de cada um foi iluminada pela história de Jesus.
Nós também somos filhos de Deus.
Também para nós existe um esplêndido desígnio.
Vale a pena sofrer para realizá-lo.
Penso que a tradição e a história do povo judeu não sejam alheias à meditação sobre a dor que Jesus experimentou.
Impressionou-me um trecho do Talmude : ´Quem não experimenta o "ocultar-se" de Deus, não faz parte do povo judeu (Tb, Hagigah 5b). Toda a história hebraica, desde Abraão, é pontilhada por momentos e situações que parecem marcados pelo "ocultar-se da face de Deus". Não é sem motivo que os Salmos, muitas vezes, exprimem a angústia pela experiência feita quando "Deus escondeu a sua face".
Mas, o "ocultar-se" de Deus não significa ausência de Deus.
Talvez nesta terra permanecerá sempre um mistério o motivo pelo qual Deus permitiu essa escuridão.
Mas o eclipse passa.
A Shoah, esse trauma que marcou a história da humanidade, e não só do povo judeu, não foi a vitória definitiva do mal.
Então, é possível o surgimento de uma nova vida? É possível que a face de Deus apareça novamente depois de um eclipse tão terrível? Com esta esperança, "a memória", que é tão importante, pode servir para dar um novo rumo à história e para construir um mundo novo.
A minha oração e os meus votos são: que se recorde a Shoah cada vez mais como uma passagem, como o fim de uma época e o início de outra, nova, justamente porque Deus nunca revogou a aliança com seu povo.
E nós estaremos todos os dias ao lado de vocês, neste caminho que também é nosso.
Chiara Lubich


3) O silêncio de Deus, (Mt. 27, 46; Mc. 15, 34) é a sua total entrega nas mãos do Pai, ( Lc. 23, 46), é o momento em que Jesus entrega a sua Igreja –representada por Nossa Senhora, Maria de Cleopas, Salomé, a mãe dos filhos de Zebedeu, e o Apóstolo; João (Jo. 19, 25 – 27 a) – e a partir desta hora o Apóstolo assume a tarefa de tomar conta da Igreja (Jo. 19, 27 b), cumprindo assim o mandamento do amor. (Jo. 15, 10 – 15).


RESPOSTA DO HOMEM AO DEUS QUE FALA

1) Deus dá a se conhecer no diálogo.
2) O diálogo, quando se refere à Revelação comporta o primado da Palavra de Deus, que chama através de sua Palavra e o homem que responde, sabendo claramente que não se trata de um encontro entre dois contraentes iguais; mas é puro dom de Deus. Por meio deste dom do seu amor; Ele superando toda a distância, torna-nos verdadeiramente, seus parceiros.de modo a realizar o mistério de amor entre Cristo e a sua Igreja.Nesta perspectiva todo homem é destinatário da Palavra, interpelado e chamado a dar uma resposta livre, em tal diálogo de amor. Assim Deus torna cada um de nós capaz de escutar e responder a Palavra divina. ... Pela graça, somos verdadeiramente chamados a configurar-nos com Jesus Cristo, o filho do Pai, e a ser transformados n´Ele.

DEUS ESCUTA O HOMEM
E RESPONDE ÀS SUAS PERGUNTAS.

1) Neste diálogo com Deus, compreendemos a nós mesmos e encontramos respostas paras perguntas mais profundas que habitam no nosso coração.
2) A Palavra de Deus ilumina os verdadeiros anseios do homem, purifica-os e os realiza.
3) Como é importante para o nosso tempo descobrir que só Deus responde à sede que está no coração do homem.
4) A história da humanidade mostra que Deus fala e intervém na história a favor do homem e da sua salvação integral, pois Jesus veio para nos oferecer a plena vida em abundância. (Jo. 10, 10).

5) São Boaventura afirma: “o fruto da Sagrada Escritura é a plenitude da felicidade eterna. De fato, a Sagrada Escritura é precisamente o livro no qual estão escritas palavras de vida eterna, porque não só acreditamos mas também possuímos a vida eterna, em que veremos, amaremos e serão realizados todos os nossos desejos.” (Cfr. Verbum Domini, pág. 49).
6) Se todos compreendessem a mensagem de Deus como os primeiros cristãos compreenderam (At. 2, 42 – 47) haveria paz e harmonia, no plano espiritual e social. (At. 4, 32 – 37); mas a ganância e o lucro desmedido, que Karl Max chamou de “mais valia” tomou conta da humanidade e fez gerar a morte na sociedade. (At. 5, 1 – 10).
7) Com uma sociedade competitiva, com um capitalismo selvagem que impera em nosso país e em muitos outros países do planeta, a Igreja Católica sempre se esforçou, pela vivência da Palavra de Deus de seus filhos e filhas, em amenizar o sofrimento do povo de Deus. Vejamos algumas ações:
a) A recuperação dos dependentes químicos: perto de nós temos a Fazenda da Esperança, aqui em Feira de Santana; o Centro de recuperação de Frei Marcos em Candeias, o Centro de recuperação de Frei Augusto em São Francisco do Conde, e muitos outros Centros Terapêuticos espalhados no Brasil e no mundo.
b) Escolas, Asilos, Hospitais, espalhados no Brasil e no mundo inteiro, vale lembrar a beata Irmã Dulce, a beata Irmã Lindalva, e as Irmãs franciscanas hospitaleiras.
c) A ação social da Igreja Católica das mais diversas formas existentes em todas as Paróquias e Dioceses do Brasil e do mundo inteiro, a exemplo das Obras Sociais da Paróquia de São Miguel de Cotegipe, à cargo do Padre Cleber.

Estas e outras ações são um esforço como Deus, através de usa Palavra vivenciada, se abre aos problemas do homem, respondendo as perguntas mais íntimas que o homem tem, dilatando os próprios valores éticos, e conjuntamente, uma satisfação das próprias satisfações, rumo à felicidade.

O DIALOGAR COM DEUS.

1) O Deus que fala, ensina-nos como podemos falar com Ele.
2) Nos Salmos, encontramos articulada toda a gama de sentimentos que o homem pode ter na sua própria existência e que são sapientemente colocados diante de Deus: a alegria e o sofrimento; angustia e esperança; medo e perplexidade encontram lá sua expressão.
3) A resposta própria do homem a Deus que fala, é a fé.
4) A fé vem da pregação e a pregação pela palavra de Cristo. Rm. 10, 17
5) Toda história da salvação nos mostra progressivamente esta ligação íntima entre a Palavra de Deus e a fé que se realiza no encontro com Jesus Cristo.
6) Com Jesus a fé toma a forma de encontro com uma Pessoa à qual se confia a própria vida. Jesus Cristo continua hoje presente, na história, no seu corpo que é a Igreja; por isso, o ato da nossa fé é um ato simultaneamente pessoal e comunitário.
7) O pecado é não escutar a Palavra de Deus.
8) A cristã que melhor escutou e viveu a Palavra de Deus foi Nossa Senhora.
9) Por isto ela é a Mãe de Deus e uma mãe fidelíssima à Palavra de Deus.
10) E´ preciso olhar para ela, conhecer a sua vida e as suas virtudes, pois ela realiza perfeitamente a vocação divina da humanidade.
11) Desde a Anunciação até o Pentecostes, vemo-LA como mulher totalmente disponível à Vontade de Deus.
12) Em Lc. 1, 28, descobrimos que Ela é a Imaculada Conceição, aquela que e cheia da graça de Deus.
13) Conserva no coração os acontecimentos do seu Filho (Lc. 2, 19.51)
14) A encarnação do Verbo não pode ser pensada sem levarmos em conta a liberdade de Maria, que com o seu consentimento, coopera de odo decisivo para a entrada do Eterno no tempo.
15) Ela é a figura da Igreja à escuta da Palavra de Deus, que nela se fez carne.
16) Ela é o símbolo da abertura a Deus e aos outros; escuta ativa, que interioriza, assimila, na qual a Palavra de Deus se torna forma de vida.
17) Maria era muito familiarizada com a Palavra de Deus, basta ler o seu magnífico canto: O MAGNIFICAT, (Lc. 1, 39 – 56) e comparar com o canto de Ana (1 Sm. 2, 1 – 10) e ver como Maria sabia fazer uma boa hermenêutica, isto é, como ela sabia pôr a Palavra de Deus para os dias atuais.
18) Maria mostra-nos como o agir de Deus no mundo envolve sempre a nossa liberdade, porque na fé, a Palavra de Deus, nos transforma. ´
19) Também a nossa ação apostólica e Pastoral, não poderá jamais ser eficaz, se não aprendermos de Maria a nos deixar plasmar pela ação de Deus em nós.

HERMENÊUTICA DA SAGRADA ESCRITURA NA IGREJA.


1) A hermenêutica da Bíblia só pode ser feita na fé eclesial.que tem o seu paradigma no sim de Maria.
2) Nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular, porque jamais uma profecia foi proferida pela vontade dos homens. Inspirados pelo Espírito Santo é que os homens santos falaram em nome de Deus.
(2 Pd. 1, 20 – 21).
3) A Bíblia foi escrita pelo Povo de Deus e para o Povo de Deus, sob a inspiração do Espírito Santo. Somente com o “nós”, isto é, nesta comunhão com o Povo de Deus, podemos realmente entrar no núcleo da verdade que o próprio Deus nos quer dizer.
4) O magistério vivo da Igreja é à quem compete o encargo de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou contida na Tradição.
5) Deus, na Sagrada Escritura falou por meio dos homens e à maneira humana, o intérprete da Sagrada Escritura, para saber o que Deus quis nos comunicar, deve investigar com atenção o que os hagiógrafos realmente quiseram significar e que aprouve a Deus manifestar por meio das suas palavras.
6) Para se recuperar a articulação entre os diversos sentidos da Escritura, torna-se decisivo identificar a passagem entre letra e espírito. Não se trata de uma passagem automática e espontânea, antes, é preciso transcender a letra.
7) A Palavra do próprio Deus nunca se apresenta na simples literalidade do texto. Para alcançá-la é preciso transcender a literalidade num processo de compreensão, que se deixa guiar pelo movimento interior do conjunto e, portanto, deve tornar-se também um processo de vida.
8) O processo interpretativo da Bíblia nunca é apenas intelectual, mas também vital, que requer o pleno envolvimento na vida eclesial, segundo o Espírito Santo. (Gl. 5, 16)
9) O Deus do AT é o mesmo Deus do NT, porque tanto o AT quanto o NT formam uma única unidade da Palavra de Deus.
10) São Paulo afirma que a revelação do AT continua a valer para nós cristãos (Rm. 15, 4; 1 Cor. 10, 11).

A BÍBLIA E OS SANTOS.

Pode-se conhecer um pouco como os Santos e as Santas da Igreja Católica foram radicados na Palavra de Deus, e como a vivenciaram de modo surpreendente lendo alguns trechos da vida de alguns Santos e Santas descritos pelo Papa Bento SVI na sua encíclica Verbum Domini, páginas. 94 até 97.

COMPLEMENTO BÍBLICO:

NOSSA SENHORA NA BÍBLIA


1) Textos do Novo Testamento
o Jo. 1, 1-4.10.14.18; Jo. 2, 1-12;
o Jo. 1, 16;
o Jo. 19, 25; Jo. 20, 19;
o Mt. 2, 1.3-5; Mt. 1, 20-21;
o Mt. 2, 1-12;
o Mc. 6, 3; Mc. 15, 40;
o Ap. 12, 1-3;

2) Textos do Antigo Testamento

o Gn. 3, 15; Mq. 5, 1;
o Is. 7, 14; Is. 9, 2.6-7; Is. 11, 1;


MARIA, A MÃE DE JESUS:

1. Acreditou em Deus. Lc. 1, 45
2. Acreditou no programa da Salvação de Deus: Lc. 1, 46-55
3. É uma pessoa que procura saber das coisas: Lc. 1, 29;
Lc. 1, 34
4. É uma pessoa que conhece a Escritura Sagrada.
5. Seu cântico do magnificat, (Lc. 1,46-55),
é uma paródia de 1 Sam. 2, 1-10.
6. É cumpridora dos preceitos evangélicos. Ex. 13, 2; Lc. 2, 22-23.27
7. Todos os anos, na festa da páscoa, fazia romaria para Jerusalém. Lc. 2,41
8. É cumpridora das leis do Estado. Lc. 2, 1-5.
9. Viveu pobre. Lc. 2, 4.6-7.
10. Sabia guardar segredo. Lc. 2, 19
11. Faz a vontade de Deus: Lc. 1, 38;
12. Teve todas as preocupações que todas as mães têm: Lc. 2, 41-52.
13. Agüentou a desconfiança de José: Mt. 1, 18-25.
14. Foi perseguida: Mt. 1, 19-23.
15. Exilou-se no Egito: Mt. 1, 13-15.
16. É cheia de graça: Lc. 1, 28.
17. Viveu trinta anos no Povoado de Nazaré cuidando de Jesus: Lc. 3, 23.
18. Participou das humilhações que seu Filho sofreu: Jo. 19, 15-27.
19. Rezando com os apóstolos, encoraja-os na evangelização: At. 1, 12-14
20. É nossa advogada nas dificuldades: Jo. 2, 1-3.
21. Acredita sempre em Jesus
e não se assusta com resposta ríspida: Jo. 2, 4-5.
22. É cheia de graça: Lc. 1, 28.
23. É bendita entre as mulheres: Lc. 1, 42.
24. É servidora: Lc. 1, 39-41.
25. Foi profetizada que seria Virgem e Mãe. Is. 7, 14.
26. Maria, a Mãe de Jesus, é a mulher, que em Gn. 3, 15; fala que ela esmagaria a cabeça de Satanás, representado por uma serpente.

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